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segunda-feira, 2 de março de 2015

SERMÃO BASEADO NO SALMO 126

Veredas da Justiça: Sermões que Edificam

TEXTO: SALMOS 126.1-6
[1] Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. [2] Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. [3] Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso, estamos alegres. [4] Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. [5] Os que com lagrimas semeiam com júbilo ceifarão. [6] Quem sai andando e chorando enquanto semeiam, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”.

INTRODUÇÃO

          Segundo O lingüista Duarte Lopes restaurar significa reparar, renovar, dar novo brilho, revigorar, etc. A restauração é semelhante a uma reforma de uma casa, tudo é renovado na casa, piso, reboco, telhado, madeira e outros. Deus fez também uma restauração em nós quando tirou-nos do pecado e nos deu uma nova vida, como diz o cantor Cícero Nogueira: “Tapera velha fui eu lá no mundo/submergido num abismo profundo/Mas fui valido por Jesus/ Quando me encontrou/ Abriu a porta do meu coração/ entrou lá dentro e fez transformação/ Sou templo do Espírito Santo/ Já tenho salvação”. O Salmo 126 traz o louvor a Deus pela restauração que Ele fez tirando o povo de Israel do cativeiro da Babilônia, mas também que continua a transformar seu povo a cada dia. Semelhantemente fez conosco quando nos restaurou da prisão do pecado e continua a cada dia nos transformando até chegar na glória, gostaria de falar sobre esta obra de Deus em nós baseado no tema abaixo.

TEMA: VERDADES SOBRE A RESTAURAÇÃO REALIZADA POR DEUS NO SEU POVO

1.    A RESTAURAÇÃO É UMA OBRA SOBERANA DE DEUS. V.1-3

          O salmista nesta parte está louvando ao Senhor pela restauração que Ele realizou no seu povo tirando-o do cativeiro e os conduzindo de volta à sua terra. Ele não atribui este feito ao rei persa Ciro que permitiu o retorno deles a Sião, mas exalta o Deus que controla todas as coisas, inclusive, os corações humanos. Para o autor sacro a restauração de Israel foi uma obra soberana do Deus que a tudo ordena, controla e governa. O Deus que cremos é Soberano e pelo seu poder infinito traz restauração para o seu povo. Quando passamos por uma experiência pessoal com este Deus maravilhoso recebemos uma alegria imensa que simples palavras não podem explicar, isto ser analisado a partir na sequência.

1.1  Quando Deus restaura uma pessoa ela recebe uma alegria inexplicável. V.1-2a
“[1] Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. [2] Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo [...]”.

          A restauração de Deus gera em nós uma alegria indizível, um gozo inexplicável que somente entende quem conhece a este Deus. Quando fui alcançado pela graça de Deus, sai ali do culto com uma alegria, uma paz tão grande que palavras não explicavam, mas só sabe o que meu coração experimentava quem já experimentou na sua vida. O salmista diz que “ficaram como quem sonha” (V.1), ou seja, eles ficaram como alguém que estavam tendo um sonho bom, que não se quer acordar para não sair daquele momento de tamanha alegria. O autor ainda disse: “A nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de júbilo” (v.2a), portanto, essa alegria deve ser exteriorizada, seja por riso ou júbilo. Crente não é para viver de “cara amarrada”, mas para alegrar-se na presença do Senhor. O apostolo Paulo escreveu a carta aos Filipenses, chamada de a carta da alegria, quando estava preso, não vemos reclamações naquela carta, e sim recomendação de alegria para a igreja. No primeiro capitulo Paulo disse que fazia suplicas com alegria (Fp 1.4); no segundo capitulo ele disse que se alegrava com todos os irmãos (Fp 2.17-18); no terceiro capitulo Paulo diz que os irmãos deveriam alegrar-se no Senhor (Fp 3.1); no quarto capitulo disse que os irmãos deveriam ser alegres e mais uma vez recomendava que fossem alegres (Fp 4.4). Ou seja, para alguém que foi restaurado por Deus sua vida é alegre mesmo estando passando por circunstâncias adversas. Deus nos restaurou e devemos nos alegrar por isso. Sua alegria está em nossa vida, mesmo quando tudo parece contrario. A restauração de Deus também nos leva a influenciar outros, veremos isto a partir de agora.

1.2   Quando o Senhor restaura uma pessoa sua vida influencia outras pessoas. V. 2b
“ [...] então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles”.

          A vida de uma pessoa que foi alcançada por Cristo e restaurada por sua graça fica notável para outras pessoas. O salmista refletiu que a graça de Deus sobre a vida de Israel fez com que as nações enxergassem o Deus de Israel como “Senhor” e como aquele que faz “grandes coisas” em favor dos seus escolhidos, aqui se pode vê a presença da missão centrípeta, na qual Israel atrai as nações para o Deus verdadeiro. Nossa vida também deve ser um atrativo para que as pessoas enxerguem Cristo em nós e possam ter a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Até mesmo quando tentamos nos esconder, as pessoas percebem algo diferente em nós, como aconteceu com Pedro que tentava passar-se por alguém que não conhecia a Cristo e alguém o reconheceu dizendo que ele era um dos que estivera como Jesus, pois até sua voz o denunciava (Mt 26.73). Outro caso foi Jonas que estava no barco desobedecendo a Deus e dormindo no porão e alguém o repreende e pede que clame ao seu Deus para que Ele os livrasse, e o profeta não conseguiu mais se esconder (Jn 1.5-6). Crente é para botar a cara na rua e dizer quem é, pois tem igreja evangélica que não diz que é evangélica, talvez por querer agradar a Tomé e a Bebé, como diz o ditado. Se cristo nos restaurou, esta obra maravilhosa precisa ser conhecida por todos. Testemunho é justamente isto, as pessoas falarem sobre o que estão vendo Deus fazer em nossas vidas. Você já foi restaurado por Deus? As pessoas enxergam esta obra divina em sua vida? O que Deus fez em nós precisa ser visto por outras pessoas, mas também precisamos reconhecer que a nossa restauração não veio de nossas forças, mas do Senhor e isto será visto a partir deste instante.

1.3   Quando o Senhor restaura uma pessoa ela reconhece o agir de Deus em sua vida. V.3
“Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso, estamos alegres”.

          A obra restauradora de Deus não é fruto da nossa busca nem dos nossos méritos de justiça, pois diante de Deus as nossas obras de justiça são como trapos de imundícias (Is 64.6). Se as obras de justiça são assim, o que dizer das nossas obras más? Daniel reconheceu que as respostas as suas orações não estavam em seus méritos próprios, mas nas misericórdias infinitas de Deus (Dn 9.18). Quando Deus faz algo em nossa vida devemos ter um coração grato para com Ele e para com aqueles que o Senhor usou para nos abençoar. O grande reformador Martinho Lutero disse algo incrível sobre a reforma protestante: Pensais que Martinho fez algo? Pois, eu vos digo que Lutero nada fez, Deus fez tudo por meio da sua Palavra, e do Senhor e da sua Palavra eu me tornei escravo”, ou seja, ele reconheceu que tudo que ocorreu na reforma foi feito por Deus! ALELUIA!!!! O maior avivamento depois do pentecostes foi, sem duvida, a reforma protestante! E nós o que temos feito, reconhecendo o agir de Deus em nossa vida ou achando que depende do seu próprio braço?
          Um personagem muito interessante chamado Neemias foi chamado por Deus para reconstruir Jerusalém que estava assolada (Ne 1 - 2), quando iniciaram a reconstrução, alguns homens de nomes chamados Sambalate, Tobias e Gesém tentaram impedir a obra, a resposta de Neemias foi fenomenal: “O Deus dos céus é que nos dará bom êxito” (Ne 2.20), em outras palavras, Neemias estava dizendo que a sua vitória vinha de Deus. A sua vitória vem de Deus e não das suas próprias forças. Descansa em Deus e reconhece o Senhor em todos os teus caminhos. Aqueles judeus que voltaram da Babilônia fizeram isso, reconheceram que aquele retorno foi pelo agir de Deus. Deus fez grandes coisas por eles, e continuaria fazendo. Ele também faz coisas grandes em nossas vidas, precisamos ser gratos por suas ações em nossas vidas. Esta restauração além de ser uma obra soberana de Deus, também é continua na vida dos servos de Deus, refletiremos sobre isto na próxima proposição.

2.    A RESTAURAÇÃO É UMA OBRA CONTINUA DE DEUS. V.4a
“Restaura, Senhor, a nossa sorte [...]”

          Antes eles falam da restauração ocorrida (retorno), mas havia ainda algumas coisas que precisavam de restauração, o templo estava destruído e precisava ser reconstruído (Ag 1.2), as colheitas precisavam ser retomadas (Ag 1.10), vários judeus exploravam seus próprios irmãos (Ne 5.7). Havia ainda a necessidade da restauração do culto ao Senhor (Ed 3.10), Aqueles judeus precisavam de uma restauração continua em suas vidas, nós também precisamos desta restauração continua do Senhor em nossas vidas. Esta obra restauradora será consumada quando Jesus regressar, veremos isto a partir de agora.

2.1  O Senhor está fazendo uma obra em nós que só será concluída no dia de Cristo. Fp 1.6
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus”.

           O Senhor Jesus realiza a obra na nossa vida de maneira perfeita, na qual ele nos conduz até chegarmos a perfeição, para isto o Senhor deu os dons à sua igreja para levar a edificação dos membros até chegar a medida da estatura de Cristo da plenitude de Cristo (Ef 4.11-13), por isso que nós cremos na perseverança dos santos, na qual Deus os faz perseverar até o fim (Jd v.24). Esta obra não ficará pela metade, pois a obra de Cristo não é incompleta, aqueles que Deus escolheu, predestinou, chamou, justificou e glorificou (Rm 8.29-30), a restauração do Senhor por nós já foi feita antes da fundação do mundo (Ef 1.4), mas aos nossos olhos ela também ocorre no dia-a-dia, assim recebendo esta restauração devemos viver de maneira santa e irrepreensível (Ef 1.4), Esta restauração terá o seu desfecho glorioso quando o Senhor aparecer nos ares e tornar nossos corpos semelhantes ao seu corpo glorioso (Fp 3.21), assim estaremos para sempre com Ele. Por isso a igreja cristã dizia na época de Paulo: MARANATA!!!
          Dizia o teólogo Santo Agostinho que Deus coloca dentro de nós o que ele vai exigir depois, sendo assim a obra realizada na vida dos servos de Deus é realizada pelo próprio Deus de maneira completa, concluindo-se na consumação dos séculos. A obra de Deus será feita de maneira perfeita, quando Deus usa a figura de uma aliança para falar do seu plano salvador, ele está dizendo que sua aliança é eterna, não sofre descontinuidade, como a aliança é inteira, assim também é o plano restaurador de Deus para minha e para sua vida. Santo Agostinho fala sobre a restauração em três aspectos: Passado (Restaurou); presente (está restaurando) e, futuro (restaurará definitivamente). Voce já foi restaurado por Deus? Necessita de restauração? Só Deus pode fazer isto na tua vida. Ele o fará, pois cumprirá todos os seus desígnios para conosco. ALELUIA!!!!

2.2  O Senhor está fazendo uma obra em nós para apresentar Cristo ao mundo por meio de uma vida de boas obras. Mt 5.16; Ef 2.10
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas”.

          A obra da restauração de Deus é contínua em nossa vida, por meio desta restauração o Senhor faz que Cristo resplandeça ao mundo por meio das nossas boas obras ou de uma vida de santidade. É importante que se verifique que não são nossas obras que fazem a restauração, mas a restauração de Deus que nos faz viver em boas obras. Paulo disse que nos fomos criados para viver fazendo boas obras (Ef 2.10), Tiago falando para um público professo cristão disse que a fé sem obras é morta (Tg 2.14-17). Segundo Augusto Nicodemus Lopes, a fé tem alguns sentidos diversos como: 1. Intelectual, apenas acreditar que Deus existe (Tg 2.19); 2. Temporal, fé apenas para curas temporárias; 3. Doutrinária, confessar crê nas verdades reveladas e trazidas por Cristo e pelos apóstolos (Jd V.3); 4. Salvadora, fé confiante para a salvação colocada no coração humano por Deus (Ef 2.8). Segundo Nicodemus a fé utilizada por Tiago aqui se refere a fé doutrinária, confessar a Cristo e as doutrinas cristãs, porém estas pessoas não tinham uma vida que condizia com a fé que declaravam ter, assim não há contradição entre Paulo e Timóteo. Ambos ensinavam uma fé operante e condenavam uma fé apenas da boca para fora sem mudança na vida. A restauração de Deus nos faz viver uma vida de testemunho fiel ao Senhor. Vivamos uma vida de zelo e testemunho fiel, pois o Senhor nos restaurou para vivermos com Cristo e Cristo em nós testemunhando do seu infinito amor.

3.    A RESTAURAÇÃO TRAZ PARA NÓS AVIVAMENTO DE DEUS. V.4b
“[...] como as torrentes no Neguebe”

          Eu li estes dias o livro de Hernandes Dias Lopes sobre o derramamento do Espírito, no qual ele fala sobre como Deus derrama seu Espírito sobre sua igreja, a primeira coisa que ele descreve é que Deus derrama do seu Espírito sobre o sedento e torrentes sobre a terra seca (Is 44.1-4). Quando Deus nos restaura Ele traz vida nova, avivamento sobre quem reconhece que está sedento. Eu e você precisamos ter sede de Deus. ALELUIA!!!!! Davi disse no momento de aflição: “ A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”. Davi não se contentava com as coisas de Deus, Ele queria o próprio Deus, pois as coisas de Deus não substituem o Senhor. Jó quando sofria com os males do seu corpo olhou para o futuro e disse uma verdade inaudita, uma das mais belas declarações de fé da história: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida esta minha pele, então fora da minha carne verei a Deus” (Jó 19.25, 26). O que Jó estava dizendo era que acreditava na restauração de Deus, sua pele e sua carne seria revestida novamente e ele estaria na presença do Senhor.
          Os judeus fizeram um pedido interessante, desejavam ser restaurados como “as torrentes do Neguebe”. Note que eles não disseram que desejavam ser restaurados como o Neguebe, mas como as torrentes do Neguebe, porque falaram assim? O Neguebe era uma região desértica, árida e sem vida localizada ao sul de Israel, no período de estiagem ali tudo parecia morto, tudo parecia sem vida; mas ali ocorriam temporais ocasionais durante vários meses e aquela região que antes era seca e sem vida se tornava uma planície inundada, cheia de animais, plantas e alegria. O que eles queriam era um avivamento, uma visitação especial de Deus. A definição de avivamento é uma visitação especial de Deus retirando o seu povo dos escombros espirituais para um novo viver. Não tenha medo do avivamento de Deus, pois Ele está te convidando todos os dias para te encher do seu Espírito Santo, busque a Ele. Mas, como vive uma pessoa que Deus restaurou e trouxe avivamento para sua vida? Uma vida avivada é permeada por uma vida de constante busca ao Senhor em oração, isto será visto a partir de agora.

3.1  O servo de Deus que é avivado busca viver uma vida intensa de oração. Lc 6.12
“Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus”.

          O Rev. Jeremias Pereira disse que “quando o crente ora, o céu se move, o inferno treme, e alguma coisa acontece na face da terra”. Uma das marcas de um avivamento genuíno é uma profunda busca por Deus em oração, uma saudade de Deus que se traduz em joelhos quebrantados e a face no pó. O avivamento coreano iniciou com doze pessoas orando diariamente, Deus visitou de maneira especial o povo coreano, hoje é o país mais evangélico do mundo, e ali pela madrugada a Igreja presbiteriana está lotada de coreanos reconhecendo sua dependência de Deus em oração, pois na oração nós declaramos duas coisas: 1. Eu nada posso por mim mesmo; 2. Deus tudo pode fazer. Vida de oração é vida avivada. Disse Spurgeon, o príncipe dos pregadores, que “oração é um santo oferecimento a Deus, um refrigério para alma e um chicote para bater nas costas de satanás”. Se você quer vencer o diabo e está próximo de Deus, o segredo é uma vida de oração. Quando Deus restaura, Ele nos faz ter uma vida de oração abundante.
          O apostolo João falando sobre oração no capítulo 8 de apocalipse vers.1-6 disse algumas verdades para nossa vida como: a) Houve “silencio no céu cerca de meia hora” (v.1), isto indicando a atenção que Deus dá para a oração, o céu pára para nos ouvir orar; b) fala também que as orações foram apresentadas em “um incensário de ouro, foi dado muito incenso para oferecer com as orações de todos os santos (v.3), aqui está tratando sobre o valor que Deus dá a oração dos seus servos e também que as orações que Deus ouve são de “todos os santos” e não apenas de alguns crentes especiais; c) ainda relatou que as orações chegaram “diante do altar de ouro que se acha diante do trono”, e estas orações subiram à presença de Deus, o nosso Deus está no altar para atender nossas orações e no trono controlando tudo que acontece, nosso Deus responde nossas orações segundo sua vontade (V.3-4); d) depois disso explicou que “o anjo do Senhor tomou o incensário e atirou a terra, havendo trovões, vozes, relâmpagos e terremotos, neste espaço ele está declarando que Deus responde as orações do seu povo e envia a resposta à terra (V.5). Se você já foi restaurado por Deus, viva buscando a Ele em oração. Caso você ainda esteja vivendo uma vida insossa, sem sabor, sem fervor, a oração é o antídoto para te fazer ter uma vida abundante. Avivamento é busca ao Senhor. Ser avivado além de orar é também ter apreço às Sagradas Escrituras, examinaremos esta verdade a seguir.

3.2  O servo de Deus que é avivado busca conhecer e meditar a cada dia na Palavra de Deus. Sl 1.2
“Antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite”.

          Um dos pilares principais da reforma protestante foi o “SOLA SCRIPURAS”, o qual definia que a única regra de fé e vida do cristão eram As Escrituras. É muito triste constatar que hoje muitas igrejas estão mais preocupadas em pregar massagem para o ego das pessoas do que expor a Santa Lei de Deus, pois para alguns o importante é falar o que as pessoas querem ouvir e não o que elas precisam ouvir. Quando Deus restaura alguém, esse passa a ter o desejo de se alimentar da Palavra de Deus, de meditar nesta lei como diz o salmista, “dia e noite”. A meditação na Palavra não deve apenas ser no domingo á noite, mas todos os dias que o Senhor nos dá. Muitos estão em busca de doutrinas fáceis que emanam de suas mentes carnais ou de palavras proféticas só de bênçãos, mas a Palavra muitas vezes traz lições duras que precisamos ouvir.
          A Palavra tem sido substituída por coisas fúteis, muitas vezes as pessoas passam horas e horas na frente da televisão vendo império do mal, outros varam pela madrugada para assistir Anderson Silva vencer dopado, Felipe Massa ficar na 10º posição, e quando o pregador prega quarenta minutos ficam reclamando. Será que a Palavra tem sido mesmo prioridade para nossas vidas? A Palavra é quem edifica a igreja, aponta o caminho para céu em Jesus! É preocupante ver que a Palavra não é prioridade para muitas vidas, é estarrecedor quando muitos na hora do louvor levantam as mãos, batem palmas, fecham os olhos, choram e na hora da pregação vão para fora brincar com celular ou botar as fofocas em dia. Busque ter contato com a Palavra, pois a maneira de se manter puro é observar a Palavra e guardá-la no coração (Sl 119.9, 11). Quando Deus nos restaura, Ele nos aviva, e quando nos aviva nos dá sede da sua Palavra. Você já foi restaurado por Deu? Já é avivado? Medita constantemente na Palavra de Deus?

3.3  O servo de Deus que é avivado busca negar sua própria vontade para fazer a vontade de Deus. Gl 2.20
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.

          Quando Deus nos restaura, Ele nos aviva, e quando Ele nos aviva queremos fazer a vontade Dele. O coração do homem, segundo João Calvino, “é uma fabrica de ídolos, e o maior ídolo é o eu”, há uma egolatria terrível nas igrejas nesta época moderna, os homens estão em busca de um evangelho que satisfaça seus desejos carnais, sempre em busca de coisas passageiras como se nosso lugar eterno fosse neste mundo, enquanto a Bíblia afirma que se nossa esperança em Cristo estiver apenas nesta vida somos os mais miseráveis dos homens (I Co 15.19), mas nossa pátria está no céu de onde aguardamos o nosso bendito salvador Jesus Cristo (Fp 3.20), enquanto aqui vivermos devemos viver para o seu inteiro agrado (Cl 1.10), buscando fazer a vontade Dele e não a nossa.
          Lutero na época que estava sendo caçado como um animal pela Igreja católica disse que tinha mais medo do seu eu do que do Papa, porque Lutero sabia que a luta para agradar Deus era contra seu eu. Outro caso importante foi o de Santo Agostinho, no qual ele ia passando e viu uma das mulheres companheiras de suas noitadas, ela disse: - Agostinho, eu estou aqui; Agostinho continuou sua caminhada e a mulher novamente grita: - Agostinho, eu estou aqui; Agostinho virou para aquela mulher e disse: - Você está aí e eu não estou aqui, porque não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim. Precisamos deixar nossa vontade imperfeita de lado e fazer a de Deus que é boa, perfeita e agradável. Você tem feito isso?

4.    A RESTAURAÇÃO NOS IMPULSIONA A PREGAR O EVANGELHO DE DEUS. V.5-6

4.1  A pregação do evangelho é uma missão dada aos servos de Deus. V.5a; 6a
“Os que [...] semeiam [...]”. “Quem sai [...] enquanto semeiam [...]”.

          Ouvimos alguns crentes dizer que não saem para evangelizar por que não possuem o dom, mas, estas pessoas não lêem a Bíblia ou se leram não entenderam nada do que leram. Afinal, o apostolo Paulo afirmou que evangelizar é uma responsabilidade nossa como crentes, vejamos um pouco das palavras de Paulo abaixo:
[16] Se anuncio o evangelho, não tenho do que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! [17] Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada” (I Co 9.16-17).

          Então, se alguém que esta mensagem está alcançando pensava assim, mude seu pensamento e pregue o evangelho, pois é minha e sua obrigação! A pregação do evangelho é uma jóia de precioso valor, que os anjos anelaram anunciar e Deus deu este privilégio aos homens de anunciar a sua Palavra até os confins da terra (At 1.8). A pregação do evangelho não é apenas por palavras, sobretudo, por ações. Dizia o Rev. Hernandes Dias Lopes que muitas vezes os que se dizem cristãos são doutores no conhecimento e hereges na prática, querendo justamente falar sobre esta associação entre teoria e pratica e a união entre teologia e devoção. Pois discurso sem piedade ao invés de trazer vida para as pessoas matam os que escutam. Pregue o evangelho, mas seja o evangelho vivo para o mundo ver. A pregação do evangelho muitas vezes vem seguida de sofrimentos, lágrimas e dor, consoante será explanado a partir desta sequência.

4.2  A pregação do evangelho nem sempre é fácil, muitas vezes envolve sofrimentos. 5a; 6a
Os que com lagrimas semeiam [...]”.  “Quem sai andando e chorando enquanto semeiam [...]”

          Aqui há uma declaração que não caberia muito bem na “teologia relativizada” da modernidade em que o convite é para deixar de sofrer, em que o evangelho é anunciado como um produto barato, e Jesus como uma mercadoria no mercado da fé. Pregar o evangelho muitas vezes traz perseguição seja do diabo, do mundo e da carne. Quantas perseguições foram feitas contra o evangelho como por exemplo: a) Na Grã-Bretanha a rainha católica Maria Tudor, a sanguinária que matou milhares de protestantes, devido a isto muitos fugiram da Inglaterra e fundaram os Estados Unidos da América; na França católica que 24.000 huguenotes (calvinistas da França) foram assassinados enquanto dormiam, e de onde saiu fugindo João Calvino, chegando a Genebra e instalando ali uma nação próspera e cristã e dali a mensagem da Palavra de Deus se espalhou por todos os paises baixos e alcançou o mundo; c) no Brasil o padre Anchieta matou três missionários enviados ao Brasil pelo reformador João Calvino, estes irmãos foram presos por pregar o evangelho ao Brasil e convidaram eles para escrever em um papel negando a sua fé para, mas eles ao contrario escreveram confirmando tudo que criam, das declarações deles surgiu a “Confissão de Fé da Guanabara” que tem fortalecido a fé evangélica no Brasil, por isso foram mortos lançados no mar dentro de um saco fechado. Estes são apenas alguns exemplos de lutas e revezes por pregar-se o evangelho de Cristo.
          Se você foi atento no que foi falado acima verificou que todas as vezes que houve perseguição Deus redundou em bênçãos como o surgimento de nações como Estados Unidos e Genebra cristã e uma confissão de fé que ajudou mais tarde muitos cristãos a fortalecer sua fé. A Igreja não pára mesmo em meio as lutas, perseguições, pois Cristo está com ela. Como diz a musica de Luiz de Carvalho: “Ninguém detém é obra santa”, assim mesmo pregando em meio as lutas e tribulações, o Senhor fará a igreja prosperar. A conversão é uma obra soberana do Espírito de Deus que “sopra onde quer” (Jo 3.8), Ele convencerá o pecador de seus pecados (Jo 16.8) e o guiará a toda a verdade (Jo 16.13). Portanto, o resultado satisfatório da obra da igreja não depende dos métodos humanos, mas da ação de Deus por seu Espírito no pecador. Conversaremos sobre isto a partir das linhas abaixo.

4.3  A pregação do evangelho cumprirá o propósito divino e terá resultados. V.5b; 6b
“[...] com júbilo ceifarão”  “[...] voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”.

          Quando a igreja semeia a boa semente do evangelho os frutos acontecem naturalmente porque quem acrescenta dia-a-dia os salvos na igreja é o Senhor (At 2.47), além disso a Palavra de Deus não volta vazia, mas fará tudo aquilo que Deus lhe designou fazer (Is 55.11). Os resultados do trabalho da igreja vem do Senhor e não dos méritos humanos. Muitas igrejas estão entrando por um caminho muito perigoso do pragmatismo religioso, no qual o importante não é o que é certo, e sim o que dá certo. Temos visto várias comunidades evangélicas trocando a Palavra de Deus por amuletos como toalha ungida, rosa ungida, fogueira santa e tantas outras baboseiras presente em várias denominações.
          Além disso, há alguns pensamentos errôneos com relação ao pensamento reformado da soberania de Deus. Irei citar dois destes: 1. Alguns arminianos dizem de maneira falsa que o calvinismo ensina que se Deus é soberano não necessitamos evangelizar; 2. Algumas pessoas que estão dentro de igrejas reformadas e nunca leram uma linha sobre calvinismo repetem a mesma coisa que os arminianos dizem que foi citado acima. Ambos laboram em erro, pois o calvinismo ensina que Deus é soberano, mas nós não somos e precisamos evangelizar a toda a criatura, pois só quem conhece os eleitos é Deus e eles virão pela pregação da Palavra (Rm 10.17). Assim segundo Packer (2002), se nós pregarmos teremos resultados satisfatórios, pois Deus tem eleitos que estão aguardando ouvir a Palavra para se converter. O Senhor disse a Paulo numa de suas viagens que tinha pessoas dele numa cidade (At 18.9-10), quando Paulo pregou estas pessoas se converteram. Se eu e você pregarmos o evangelho teremos frutos, pois o Senhor na sua soberania vai nos usar para fazer a chamada externa (pregação do evangelho) para que o Espírito Santo realize o chamado interno (pregação que o Espírito Santo aplica no coração do pecador). Preguemos o evangelho e esperemos que os resultados vêm de Deus e estes não faltam.

CONCLUSÃO

          Nesta mensagem foi tratado sobre a restauração que o homem precisa. Vimos que a restauração é uma obra soberana de Deus; é uma obra continua de Deus; traz para nós avivamento de Deus e; impulsiona-nos a pregar o evangelho de Deus. A pergunta que fica é: Será que já fomos restaurados por Deus? Será que estamos cotidianamente sendo restaurados por Deus. Estamos vivendo essa restauração na pratica, tendo nova vida e anunciando o evangelho de Deus? O Desafio que fica para cada um de nós é vivenciar a restauração de Deus de maneira autentica em nossas vidas. Se você ainda não experimentou a restauração de Deus em tua alma, Ele pode fazer isto na tua vida.

REFERÊNCIAS

A Bíblia de Estudo Genebra. 2. ed. Ampl. São Paulo: Cultura Cristã, 2010

LOPES, Hernandes Dias. Piedade e paixão: A Vida do ministro é a vida do seu ministério. 1. ed. São Paulo: Candeia, 2002.

PACKER, J. I. A  evangelização e a soberania de Deus. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002

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Autoria: Veronilton paz da Silva – Presbítero Regente na IPB Monteiro; Missionário Voluntário na Congregação Presbiteriana do Serrote; Diretor de Administração do Sindicato do Servidores Públicos Municipais do Cariri Paraibano; Secretário de Evangelismo e Missões da IPB Monteiro-PB; Formação de Evangelista pelo CEIBEL (Curso Intensivo do Instituto Bíblico Eduardo Lane, Patrocínio-MG; de Obreiros no CPO/IBN/JMN (Curso de Preparação de Obreiros do Instituto Bíblico do Norte e Junta de Missões nacionais, Garanhuns-PE); Bacharel em Teologia pelo IHT (Instituto Batista Hebron de Teologia, Aparecida de Goiania-GO); graduando em Letras – Língua Portuguesa na UEPB (Universidade estadual da Paraíba); O autor também defende a teologia bíblica Reformada exposta nas grandes confissões de fé reformada.                     



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